terça-feira, 19 de outubro de 2010

Conheçam a nova crônica da @BarbCoulson

Essa é uma parte de uma crônica que estou desenvolvendo a partir da idéia do texto The Guy Of The Sunset. Não postarei as demais partes. Se quiser ler o restante aguarde até o fim do projeto. 
Eu estava caminhando tranquilamente por aquela praia meia boca que ficava perto da minha casa. Era meio de tarde e tudo estava incrivelmente calmo. Sentei perto de um quiosque, um dos últimos abertos e fiquei observando o tempo passar devagar entre as águas e as rochas esculpidas pelos anos. Eu tinha acabado de sair de casa e deixado dois pais raivosos discutindo no meio da sala. Eles não perceberam a minha saída e em pouco tempo o meu telefone iria tocar com um deles desesperado atrás de mim.  Uma gaivota cortou o céu agora com leves tons em corala tentando pescar alguma coisa já que os peixes estavam dispersos. Eu sorri de leve para a paisagem que mais parecia uma pintura. Eu amava aquele lugar, era tão único e peculiar, tão cheio de detalhes. Mas nada estava funcionando ali, pelo menos não para mim. E eu já estava ficando louca com isso. O pôr do Sol foi se chegando, do jeito de quem não quer nada e se acomodou no céu ao longe me deixando estasiada. 
O tom das conversas dentro do quiosque começou a ficar mais forte, mais alto. Eu olhei para trás, mas sem nada ver voltei minha atenção para o ar quente e úmido da praia. A voz do cara ficou na minha cabeça: "Ei Marcus, tudo bom? Que dia hoje hen...". Minha curiosidade entrou em sua altivez aguda e não me contive. Eu tinha que saber quem estava falando aquilo, com aquela voz, daquele jeito.
Me levantei da bancada alta que dava a escada da areia e fui timidamente para perto do bar do quiosque e pedi uma garrafa de água só para disfarçar. Ele estava de costas, olhando o mar e sentindo o cheiro em volta dele. Eu sabia que ele era bonito mesmo antes de ver o resto dele. Ele então se virou, sua face em ecstasy e olhou para mim com seus olhos verdes que me deixaram tonta, boba, inofensiva.

"Oi, tudo bem?" - Ele me disse sorrindo.

Sai do tranze ao ouvir sua voz grossa de locutor de rádio democrática mas que ao mesmo tempo era brincalhona e divertida. 

"Oi, tudo ótimo! E você?" - Tremi esperando a resposta
"Ótimo também! Você é daqui? Nunca te vi por esses quiosques" 

Eu parei para observá-lo de novo e me perdi nas palavras.

"Não... Quero dizer, sou sim. Eu fico nos quiosques do cais. Aquele mais a frente. Vim mais tarde hoje e esse é um dos poucos abertos"

Ele me olhou furtivamente de novo como se estivesse examinando-me por dentro para saber se estava dizendo a verdade e voltou a falar.

"Ah, entendo. Está de turismo por esse lado da praia. Então, pensa em voltar outros dias?"

Corei de forma que senti minhas bochechas arderem. Eu estava a menos de cinco minutos na frente dele e já estava perdendo a razão. "O que esse cara tem?", pensei. Mas pensar era algo que de fato eu não queria fazer no momento. Eu só queria olha-lo, analisa-lo para a eventualidade de nunca mais vê-lo e poder ter certeza de que poderia lembrar dele.

"Penso sim, claro. Adorei a vista da praia desse ponto. É linda."
"É ótimo mesmo. A propósito, eu me chamo Théo"  

Ele estendeu a mão e fez um movimento gracioso com o braço. Com isso minhas borboletas começaram a voar e senti uma vertigem de dois segundos que passou assim que toquei a mão dele.

"Ah, meu nome é Bianca" - Sorri para ele sem jeito.

Assim que terminei a frase ele me puxou de leve no braço e disse:

"Tenho que mostrar um lugar aqui atrás na areia antes de anoitecer para você. Isso vai te fazer voltar amanhã" - Ele deu um riso suave e me conduziu até o lugar. Eu o segui bobamente até um conjunto de rochas disformes que se podia ver o pôr do Sol de uma forma tão privilegiada que chegava a ser idiota.

"Vamos, sente-se ai." - Ele se acomodou em cima da pedra e me ajudou a subir até o topo me erguendo com o braço. 

Eu senti ao lado dele e contemplei o céu vermelho-alaranjado mais lindo que já tinha visto na vida. O Sol queimava no mar deixando um reflexo gigantesco na água cristalina da praia MellStreet Rose. Ele sorria como se pudesse ver algo além do meu entendimento e da minha visão atingida pelos raios luminosos. Eu tentei seguir seu olhar até o ponto mais longo perto da outra parte da cidade que se encontrava depois da estrada Roial Road. Não vi nada, só miniaturas de casas e prédios que se formavam ao longe por conta da distância. 

"Eu adoro sentar aqui pra contemplar essas coisas. Não sei como você gosta de ficar no cais. Lá a visão é tão desprivilegiada!" - Ele falou isso ainda olhando para o seu foco invisível.
"É que eu já me acostumei a ficar lá" - Respondi.
"Você deveria mudar. Eu posso te trazer aqui sempre que quiser. Até nos dias nublados." - Ele sorriu, como se 'dias nublados' fossem coisas que não existissem. 
"É uma proposta ótima mas você acabou de me conhecer. E bom, tem o cais... Não posso deixar de ir para lá. Lá é bom também."

Eu estava tendo uma pseudo-discussão com um cara que havia conhecido a menos de meia hora. Dei um riso baixo quando pensei naquilo.

"Mas aqui tem essa visão linda!" - Ele insistiu.
"Bom, vamos fazer assim; eu volto aqui amanhã e você vai ter que me convencer que aqui é melhor que o cais. Se você conseguir eu passo a vir aqui sempre. O que acha?" - Eu o olhei com uma cara de "aceita por favor" e ele me devolveu um sorriso.
"Ok, combinado. Vou convencer você antes que você perceba."Ele piscou me deixando tonta novamente.
"Eu vou querer ver isso! Agora tenho que ir. Daqui a poucos minutos vai escurecer. Então, amanhã aqui no mesmo horário." - Falando isso levantei da pedra, apertei a mão dele e disse: "Foi um prazer"

Ele retribuindo o aperto de mão disse "Amanhã" e voltou a olhar o ponto invisível. Eu voltei para casa com a cabeça em meio a turbilhões e sorrisos nervosos. O que eu havia feito?

E ai? Gostaram? Comentem sobre o que acharam da crônica e coloquem suas opiniões!

Beijos, @BarbCoulson 

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